
Parto amanhã para Norte.
Entrar de novo na tua casa, procurar se o teu cheiro ainda paira no ar, nas tuas coisas, nas minhas cartas que guardas-te, no meu cabelo de criança religiosamente guardado num papel fino.
Levarei flores, para colocar junto a ti, para saberes que, em cada dia que passa, a tua ausência é tão sentida por mim.
Parto amanhã para as minhas origens.
Para perto de quem tanto me dedicou o seu amor.
Vou matar saudades, mesmo que através de objectos teus, olhar de novo para os teus potes de ferro perfeitamente areados, abrir os teus livros já tão frágeis pelo tempo.
Vou ter contigo, para recuperar a minha fé, meio perdida, desde que te foste embora.